sábado, 12 de julho de 2008

Por que "As histórias de Meaghan"?

Porque se faziam necessárias as mudanças.
Tenho outros projetos, outros sonhos e outras decepções.
A verdade é que pensei seriamente em excluir o diário eletrônico, mas seria injusto. É muito fácil apagar pessoas, se esquecer de compromissos. O compromisso aqui é desabafar. E o diário sempre foi uma espécie de melhor amigo.
Ele não lê, ele não me critica, mas serve de espelho. Auxilia na árdua tarefa de olhar para trás e melhorar.
Então apagar por quê?
Não sei. Existem momentos em minha vida quando penso que é melhor simplesmente desistir, sumir e começar de novo.
Então por que não apagar?
Sem querer plagiar a idéia de Joanne Rowling, mas existem momentos em que devemos fazer o que é certo, e não o que é mais fácil.
É mais fácil esquecer que eu tive momentos ruins, é mais honrado dizer que eu sou corajosa e eu não tenho meus problemas.
Eu sou uma autora anônima, mas não a sou. Eu sei que existe a possibilidade de que esteja alguém conhecido lendo tudo aquilo que escrevo, mas não sei se esse ou esses "alguéns" realmente lêem o diário. Pessoalmente? Creio que não. Há hobbies melhores.
Quanto aos leitores anônimos, bem... eu também creio que eles não existam. A idéia inicial de "Sol, chuva, lua e tempestade" era ser um diário eletrônico no qual eu pudesse escrever quando houvesse tempo e necessidade.
Não sou a pessoa mais ocupada do mundo, mas eu gosto de variar minhas leituras e hábitos e gosto de cultivá-los todos. Tempo é o reagente limitante da reação. Necessidade? Não. Eu preciso conversar com alguém, e preciso de alguém disposto a ouvir a verdade. O alguém? O diário.
Então, você é socialmente uma "loba solitária"?
Não, mas não acredito que as pessoas estejam interessadas em ouvir opiniões em um geral. Elas querem concordâncias. E eu não acho certo em agir como o lado ruim da consciência. Se tem algo errado, pode até ser certo tentar avisar, mas não tentar corrigir. Creio que o próximo post deixe bem claro o aspecto identidade e sociedade.
O blog se tratará de histórias?
Não. O blog tem a mesma função, mas creio que "as histórias de meaghan" seja um título mais apropriado a todas as facetas de autora. Meaghan foi um personagem criado há muito tempo, talvez 10 ou 12 anos (começo da adolescência), baseado em mim. Mês que vem completo 22 anos, a Meaghan na história em que foi enredada passou pelo período que acabei de passar, entre 18 e 21.
Quem é realmente Meaghan?
Meg, como eu e a criadora dela preferimos ou preferíamos nos referir, é um personagem de uma espécie de anime. Não sei se alguém já viu Sailor Moon, mas a idéia é essa. A Meaghan tinha uma aparência muito familiar à de Sailor Marte. A criadora de Meaghan era uma amiga minha da qual me distanciei devido ao destino. Era uma amiga muito querida e é uma pessoa de quem guardo muito boas lembranças, mas é alguém que creio que nunca lerá o blog, pois ela deve achar que não escrevo mais, assim como muitos pensam devido às minhas escolhas acadêmicas.
Enfim, como o parágrafo de cima falou mais da minha relação com a criadora da Meg, devo relatar sobre a Meg no que estou escrevendo. Meg tinha um irmão, Sam, um grupo de amigos, Nic, Ingrid (que era o personagem usado pela autora para se inserir na história), Melanie, Dylan, Vic e alguns outros. Não me culpem por não lembrar da história na íntegra, leitores. Nunca tive uma cópia das histórias de Meaghan (penso eu por não ser viável, visto que foram usados aproximadamente quatro cadernos de 96 folhas). Meg não era um personagem principal, a história possuía inúmeros personagens principais, assim como Sailor Moon, que em sua primeira temporada apresentou 7 personagens principais (Serena, Amy, Raye, Lita e Mina, Lua e Artemis), sendo elas as próprias Sailors, apesar de que com o passar da série, Sailor Moon acabou se concentrando na história de Serena e sua vida passada, mas resumindo Meg era um dos personagens principais com uma veia cômica.
A veia cômica de Meg, e talvez as amizades que comecei a formar na época de sua criação acabaram por definir a minha própria identidade. Não que eu tenha me esforçado para isso, mas Meg era uma projeção mais adulta de mim mesma, que acabou por retratar bem a imagem que possuo frente aos outros, mas também consegue penetrar um pouco mais nas perturbações internas que passam desapercebidas em um cotidiano frívolo.
Meg era uma garota engraçada, inteligente e inspirava lealdade. Não leitor, eu não estou nem um pouco perto de ser Meg, mas se eu pudesse escolher alguém para ser, provavelmente escolheria a personagem. Eu não sou inteligente, apenas esforçada. E eu não inspiro lealdade, na realidade, a lealdade parte muitas vezes de mim. Engraçada? Talvez um humor ácido, a la Chandler Bing (Friends), Lorelai Gilmore (Gilmore Girls) e irmãs Halliwell (Prue, Piper, Phoebe e Paige - Charmed), mas não me considero engraçada, me considero sarcástica.
Então eu pareço ser Meg?
Opa, agora você me pegou. Não sei. Creio que eu passo a imagem dela. Eu pareço muito forte e confiante, mas eu não sou nada disso, de novo, creio que o post seguinte conseguirá retratar melhor as coisas.
E Sol, Chuva, Lua e Tempestade?
Eles existem, mas eles são fazem parte de uma espécie de clã, uma tribo. Acho que as pessoas têm muitas facetas, se é que consigo me fazer entender. Depende de humor, depende de solidão, depende da posição do Sol em relação ao céu. Somos capazes de sermos camaleões, com Sol, Chuva, Lua e Tempestade, eu assumi esse fato. Eles não são independentes entre si, eles são complementares, eles se somam e resultam em mim, na imagem que eu tenho de mim mesma e na imagem que os outros têm de mim. São três coisas completamente diferentes e eu penso que isso acontece com todo mundo, faz parte do que se chama de profundidade psicológica.
Eu sempre escrevi, bem, não sempre, mas desde os 8 anos, assim como canto como hobbie desde os 9. E sempre fiz isso em momentos de solidão. Assim eu me sinto bem, natural, autêntica. Com os outros eu tento uma certa graça e um certo charme, visto que penso ter uma presença um pouco pesada (até mesmo físicamente falando!). Então é perfeitamente clara a razão de o blog ter a veia anônima. Eu faço essas coisas quando estou sozinha. Quando leio estou sozinha, quando canto também estou sozinha, ou me sinto assim. Canto, não cantarolo. Eu canto alto demais, borderline screaming, se é que consigo me fazer entender. Quando cantarolo apenas assumo que é necessário cantar, mas não aceitável.
Como eu não deleguei o blog a ninguém, e seria um absurdo fazer isso, Sol, Chuva, Lua e Tempestade continuam a permear no diário. Eles são a essência de tudo.
Por que mudar?
É necessário lidar com o velho, para crescer e se transformar em algo novo. O passado (Meg) faz parte do presente. O cor preta representa ausência de cor, o que pode levar a um entendimento de ausência de vida e de sentimento. Eu baseio a minha própria existência nessas coisas. A cor preta estava simbolizando um luto. Luto porque mudanças envolvem mortes. Foi a morte da minha adolescência. Eu aproveitei bem, para os meus parâmetros, todos os momentos. Eu me apaixonei, me decepcionei, fiz amigos, perdi alguns, conheci pessoas e lugares maravilhosos que me fizeram crescer, mas tudo isso de certa forma, morreu.
Eu ainda não fiz 22 anos, mas isso é uma questão de dias, sabe. 21 representa a maioridade, 22 não representa nada.
Por que morreu?
Eu passei por experiências que me fizeram enxergar tudo por uma ótica diferente. O crescimento adolescente morreu. Meus amigos, os lugares, as lembranças e meus amores continuam intactos, mas a visão que eu tenho deles hoje é muito distante daquela que eu tive um dia.
Aos 21 eu passei pelas piores experiências. Eu tive que olhar para dentro, para enxergar lá fora. De novo, o próximo post, meio tempestadelike, vai mostrar algumas coisas.
A minha infância não foi típicamente feliz. Eu sempre fui confusa e "de deixar" outros confusos. Durante a adolescência eu questionei, e depois eu entendi.
Eu fui uma criança, na maioria dos momentos, solitária. Eu guardo poucas memórias dos tempos de escola, e muitas das férias! Por quê? Era algo que eu precisava saber e entender para evoluir. Não creio que entendi completamente, mas aceitei.
Sendo uma criança só, eu sempre tive dó de outras que eram tão sós quanto eu. É difícil ver sua tristeza refletida nos olhos de alguém. Foi a época que eu mais passei por isso. Eu era uma criança não-verbal, não gostava de socializar, e por isso eu tive muitos colegas, mas nenhum amigo mesmo. Foi a época também quando ocorreu a morte da minha avó, que de todas as que tive um maior contato, foi a pior. Eu choro até hoje quando lembro da minha avó, por ser um misto de raiva por não ter conhecido a pessoa maravilhosa que ela foi muito bem (ela morava muito longe e era muito difícil meu pai poder levar a família para visitar meus avós, eu vi minha avó duas vezes, quando tinha 1 ano e cinco anos depois), tristeza por não ter uma avó para conversar e abraçar e um sentimento de incompletabilidade, que seria um neologismo meu. Quando você deixa de ter as experiências que quer, você se sente incompleto, não é mesmo?
Por ser uma criança só e não gostar das mesmas coisas que as outras, acabei por criar um mundo próprio e paralelo ao real e daí nasceu a vontade de escrever e de cantar.
Para se somar ao fato de ser diferente, eu era a "caçula da família" e me tiraram esse título. Na época, não gostei muito, mas a partir daí comecei a sentir uma necessidade de ser criança grande. De ser criança, mas de ser maior. Eu queria crescer para aprender mais e ensinar tudo isso.
Depois veio a adolescência, para equilibrar tudo aquilo que aconteceu na infância. Comecei a fazer amigos, a conhecer pessoas e olhar para os lugares, para as estradas.
Comecei a me conhecer, mas eu nunca me entendi muito bem, acho até que é por isso que eu escrevo. Para ler depois e pensar... nossa... entendi. As minhas melhores epifanias aconteceram quando eu estava lendo textos meus. Não porque eles são maravilhosos, bem escritos. Porque eu entendi algo de importante na hora de aplicar.
Acho que a palavra chave na infância foi identidade, na adolescência, confiança.
Quem é sozinho sabe do que eu estou falando. É muito difícil confiar nas pessoas. Contar seus pesadelos, seus sonhos. E isso acontece em decorrência da minha "síndrome da Távola Redonda". Eu idealizo. Eu sou idealista. Eu realmente acredito num mundo melhor. A realidade realmente consegue destruir isso. A realidade envolve uma profundidade psicológica que a idealidade não tem. A idealidade é um bonito castelo de areia, a realidade é uma onda no mar. São lindos os dois, mas não coexistem por muito tempo.
A realidade envolve erros de comunicação. Pessoas não entendem perfeitamente o que você pensa. Não entendem seus atos, nem intenções. Quem se magoa com isso? Você.
Então apenas concluindo o que deveria ter sido uma breve explicação.
Eu coloquei a cor branca para representar toda a vida que vem por aí.
Representa o medo do ano que vem por aí, as responsabilidades que eu quero assumir, os desejos realizados e por realizar, os amores que eu tenho, que eu tive, os que eu nunca vou ter, a esperança de ser cada vez melhor, de ser para os meus pais o que eles foram para mim, de algum dia ser uma boa amiga e companheira, a confusão permanente que se estabeleceu entre cabeça e coração, ações e habilidades, a intermitência da paixão pela vida.
Para representar o passado. Com suas desilusões e euforias.
Para representar a vida, como de fato ela é.

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