Era uma garotinha, pequena, de seus dez anos que sonhava em poder voar. Passou metade de sua vida querendo conhecer o céu de perto, tocá-lo e conversar com ele, se ele conseguisse falar.
O céu sempre foi muito distante, eles nunca conseguiriam ter uma conversa particular, pois aquilo que ele falaria, todos poderiam escutar, visto que como ele situa muito longe, teria que necessariamente gritar para que ela escutasse.
Todos poderiam escutar, e ela queria ser especial para o céu. Assim como o céu era especial para ela.
Sonhava com o dia em que iria criar asas e voar bem alto. Sempre disseram que era impossível, mas para ela, o impossível dos outros era uma questão de tempo. Voar era uma questão de tempo, precisava crescer.
Crescer e desenvolver as asas mais maravilhosas, jamais vistas no mundo inteiro. As asas mais bonitas e criativas. Aquelas que estavam debaixo do nariz de todo mundo, mas ninguém sabia usar. Ninguém sabia aproveitar. Ninguém sabia que tinha.
Ela queria conhecer o céu e conversar com ele, sobre o amor, a amizade e as nuvens.
Queria voar, queria viver, queria conhecer...
E depois de crescida, a criancinha que se tornou uma moça realmente voou e conheceu todas as estrelas, beijou todas as nuvens e conversou bastante com o céu. Nesse momento ela entendeu que não era necessário tocá-lo para entendê-lo ou escutá-lo, pois para entender o céu tem que aprender a ouvir com o coração e não com os ouvidos.
Não seriam então todos que ouviriam sua conversa com o céu, mas apenas aqueles que soubessem escutar com o coração.
Então aí, ela desvendou um dos tantos segredos de sua vida, e talvez até de uma humanidade.
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