"- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não têm mais tempo de conhecer alguma coisa. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!
- Que é preciso fazer? perguntou o principezinho.
- É preciso ser paciente, respondeu a raposa. Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim, na relva. Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas, cada dia, te sentarás mais perto...
(...)
Assim o principezinho cativou a raposa. Mas, quando chegou a hora da partida, a raposa disse:
- Ah! Eu vou chorar.
- A culpa é tua, disse o principezinho, eu não queria te fazer mal; mas tu quiseste que eu te cativasse...
- Quis, disse a raposa.
- Mas tu vais chorar! disse o principezinho.
- Vou, disse a raposa.
- Então, não sais lucrando nada!
- Eu lucro, disse a raposa, por causa da cor do trigo.
(...)
E voltou, então, à raposa:
- Adeus, disse ele...
- Adeus, disse a raposa. Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.
- O essencial é invisível para os olhos, repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.
- Foi o tempo que perdeste com tua rosa que fez tua rosa tão importante.
- Foi o tempo que eu perdi com a minha rosa... repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.
- Os homens esqueceram essa verdade, disse a raposa. Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável pela rosa...
- Eu sou responsável pela minha rosa... repetiu o principezinho, a fim de se lembrar." (O Pequeno Príncipe - Antoine de Saint-Exupéry)
Cara Isa,
Primeiramente peço desculpas pela imensa citação, mas não consegui encontrar palavras próprias para iniciar minha resposta.
Sim, porque eu acredito que tenho o direito de resposta, apesar de não nos encontrarmos em uma sessão de debate pré-eleições.
Não quero ofender. Ao invés disso, tentarei trabalhar ponderadamente ao longo da minha simples escrita.
Admiro sua sensibilidade, exagerada, egocêntrica e talvez agora, empática.
Sabe... você não me cativou em primeiro momento. Você parecia lunática. Olhando para o céu, com seus olhos grandes, esbugalhados. Demorei para descobrir que esses olhos mirando alto, eram sinais de sonho, que eram sessões de pensar.
Entretanto, apesar de tanto refletir, nem sempre chegou a conclusões corretas, principalmente quando se tratou de sentimento. Não quis me julgar, mas julgou.
Tratou-me como se insensível fosse.
Francamente. Eu sempre me importei com você, mas na sua demasiada teimosia, nunca conseguiu ver o que eu sempre quis mostrar.
E quantas coisas eu quis mostrar.
Você precisava de palavras. Eu uso ações.
E o estranho é que, aqui sentado, eu percebo o quanto erramos. Eu uso ações, mas também quero palavras.
Sempre achei que palavras se perdessem, mas agora percebo o quanto me enganei, pois não são todas as palavras que se perdem.
Qualquer palavra que causa sentimento, marca.
Você queria palavras, mas devia ter acreditado que todas as vezes que beijei sua testa enquanto dormia, eu queria dizer que amava você.
Eu queria palavras, mas devia ter aceitado todos os abraços que você me deu quando cheguei cansado do trabalho, e devia ter entendido ali o significado da sua afeição.
Agora eu choro, porque sinto sua falta, mas não choro porque perdi sua companhia.
E eu sei que você chora porque percebe a seqüência infindável de erros que cometemos até aqui, mas ambos sabemos que é tarde.
É tarde para revivermos o que passou, mas é cedo para recomeçarmos.
Recomeça-se sempre e a partir daqui desejo uma boa vida.
Um amor perene. Um homem que a ame como eu amei e mais, mas que a compreenda, melhor e mais rápido do que eu consegui compreender.
E a somar com isso um aprender.
Aprender que aquilo que é essencial, não é visto com os olhos, mas com o coração.
Continue sonhando, mas se lembre de tudo aquilo pelo qual somos responsáveis.
Adeus,
João.
terça-feira, 27 de maio de 2008
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