terça-feira, 27 de maio de 2008

So much for a secret...

- Autora, creio eu que estás tentando sabotar o projeto inicial do diário eletrônico.
- Não! Como?
- Andaste comentando sobre o endereço.
- Oh... sim. Enganei-me, oras.
- Então se trata de auto-sabotagem.
- Ou não. O endereço é público, assim como o domínio!
- Autora...
- Tá bem, tá bem... mas eu acabei por esquecer que aquele papel era o que continha o endereço!
- Esqueceste? Como esqueceste? Tu marcaste aquilo, em primeiro lugar!
- Sim, eu sei. Eu não esqueci o endereço! Esqueci o papel onde tinha marcado!
- Pensas que minha vida é fácil? Além de toda a senhora reclamação que fazes de tempos em tempos, eu ainda tenho que agüentar teus esquecimentos!
- Não. Eu sei que não é fácil. E eu sei que eu deveria ter me lembrado disso, mas esqueci. Não adianta reclamar. E vai marcando aí que a trema vai sair de uso em 2009.
- Claro. Eu apenas publico. Tu escreves. E aquela pessoa sentada naquela cadeira lê tudo.
- Eu também leio!
- Sim, mas tu usas para alguma coisa.
- Concordo... mas e agora? Contei o endereço...
- Agora te assuma como és!
- Eu sempre fiz isso!
- Ok, autora... entendi que a Senhorita necessitará de mais alguns posts.
- Mas... eu...
- Entenda, queridinha.
- Queridinha, não. Você está sendo falso!
- Lógico! O trato era: o endereço se mantém em segredo, porém como todo segredo, será tratado de forma corriqueira. Tu não cumpriste o trato.
- Eu não assinei nenhum termo. Sinceramente, criei você e está sendo muito mal-agradecido.
- O hífen também cairá em 2009, autora!
- Problema dele! Sabe... entendi o seu problema.
- E posso saber qual foi a conclusão ridícula que tiraste de tudo?
- Talvez eu tenha praticado auto-sabotagem mesmo. Olha. Pensa comigo, são 4 pseudo-selfs apenas no título!
- Chuva, pára de me distrair.
- Certo, como você não está no título, você é imune ao meu charme.
- Não, não sou, mas cessa com isso. E eu não ESTOU no título, eu SOU o título.
- Você não é self! Você é o veículo!
- Estás falando comigo, não? Então eu me tornei um self! Eu sou o que tu queres que eu seja, e tu queres que eu seja um self!
- Não! Eu não quero!
- Te distraí, hein pequena?
- Eu não sou pequena! E eu posso ter dado o endereço sem querer, mas já foi, e não tem como voltar atrás.
- Tu não precisas ter medo dos leitores.
- Não é dos leitores que tenho medo, blog.
- É... deles em si não, mas das reações deles...
- Sim... eu tenho...
- Pensa... do pó vieste e ao pó voltarás... tranqüiliza!
- Nossa... que romântico!
- Sexy, diria a Tempestade!
- Shhh, ela tá dormindo...
- Só tu estás acordada!
- Eu sei, eu sei... mas é nesse horário que consigo pensar melhor. Quando o Sol não faz teatro, quando a Lua não arruma as coisas, para desarrumar depois, quando a Tempestade não começa a apertar todo mundo pela casa. Sabe... outro dia ela deu um tapinha na careca do pai dela! Ela anda maluca!
- Vós sois inversamente proporcionais. Quando mais melancólica tu te encontras, mais elétrica ela se projeta. Vós trabalhais como se se compensassem.
- Tipo o Sol e a Lua?
- Não... o Sol é inseguro. A Lua ajuda ele a ser inseguro, apesar de ninguém ver o que realmente existe de errado com ele.
- Ele é meio teatral, você não acha?
- Sim, mas a Tempestade também. Eles só pertencem a tipos diferentes de teatros.
- Hein?
- A verdade é que eu não vejo muita diferença entre o Sol e a Lua.
- Ah... eu vejo.
- Qual?
- O Sol quer que todos pensem que ele é forte, que ele não chora e que ele agüenta qualquer tranco, mas na verdade, ele é tão sensível quanto nós.
- È vero.
- Você fala italiano?
- Não. Eu lembro uma palavra ou duas.
- Quem ensinou?
- Eu sou teu monstro!
- Oh... monstro não!
- E agora um monstro que corre o risco de ser pego pela polícia, visto que tu deste com a língua nos dentes!
- Não fui eu...
- A Tempestade, aquela perua! Que seja! Só porque ela não posta com tanta freqüência!
- Tenhamos calma. Nada que tenha sido dito aqui, não foi dito de verdade.
- Ao menos!
- Tá, tá... mas o que podemos fazer agora?
- Nada. É deixar ler! Tu te endereças a um possível leitor no post, não?
- Siim! Entretanto há diferença. Agora eu tenho certeza da possibilidade de um leitor. Possibilidade que era remota!
- Do que tens medo?
- Ah... de muitas coisas. De altura, de carbonizar algum dedo, de...
- Ser incompreendida?
- Talvez...
- Não devias ter medo disso.
- Né? Já o fizeram por tempo bastante, não?
- Sim, mas porque deixaste. Tu sabes, ou pelo menos tens uma boa noção, do teu caráter, mas tens medo dele. O porquê, eu realmente não sei.
- Eu não consigo fazer nada pela metade, meu amigo.
- Sim, mas quando a intensidade encontra o exagero?
- Eu afundo...
- Devias conversar comigo mais vezes!
- Eu converso! Na minha cabeça eu converso...
- Isso foi controverso! Nós coexistimos numa mesma cabeça!
- Ahhhh... você me deixa louca!
- Eu sei... por isso adooooro essa vida!
- Hã... tá...
- Tu és intensa, sim e muito, mas muito exagerada. Tu não compreendes todo mundo, mas a tua vantagem é que desejas isso do fundo do coração. Só que, por vezes, tentas impor alguma coisa, mesmo que seja a vontade de manter uma opinião.
- Certo...
- Só que, tente seguir meus passos, sim?
- Sim.
- Quando asseveras de forma tão clássica e contundente a tua opinião, não seria como se tivesse impondo a mesma para o ouvinte?
- Sim, mas como eu vou conseguir me expressar em um meio-termo?
- Não sei, pequena! És a única que tem a chave.
- Aiai... tô sentindo que a chave está atrás do arco-íris.
- Não. Sabes que não. Qual é o único lugar que não conseguimos enxergar perfeitamente?
- Puts...
- Já foste Isabel, Camila, Meg e até mesmo João. Talvez João tenha dado uma melhor perspectiva...
- Sim.
- Procure naquilo que não foi dito, naquilo que só pode ser sentido. Tu conheces responsabilidade, sorte, esforço, abandono... não é vergonha ser assim...
- Ninguém quer ver isso.
- Sim e não. Tua imagem sarcástica chega a ser irritante por dias, é chato.
- Mas as pessoas não preferem ver isso?
- Você preferiria?
- Não estou falando de mim.
- Estás sim. Esse é teu mundo. Tua criação. O que queres ser? A menina com a resposta na ponta da língua? Não foi a menina quem conquistou isso tudo. Não foram as risadas todas. Elas ajudaram, mas quem cativou tudo isso foste tu.
- Isso é parte de quem eu sou!
- Não é, não! É parte do mecanismo de defesa. Assim como aquele sobre o qual conversamos.
- Qual?
- João e Isabel!
- Ah, tá.
- Se quiseres saber... eu prefiro... e tu também... aquela pessoa que vive sonhando, cantando, ouvindo, pensando sobre qual árvore seria melhor para imaginar durante uma sessão de relaxamento...
- Eu não gosto de sessões de relaxamento!
- Eu devia ter acabado na bronca sobre o endereço! Está tarde!
- Tá... mas eu não gosto muito de relaxar...
- Por quê?
- Porque eu fico triste, ué!
- Hum... não! Lembra da praia?
- A praia fria?
- Siiiim!
- Durante a noite ou durante o dia?
- Considerando que durante o dia, estavas com um olho no mar e outro nos peixes...
- Mais ou menos... depois que os peixes foram embora...
- Tá... essa fala foi inteiramente sem sentido, mas... continuando, tu gostas de relaxar, mas tu tens dificuldades em relação a isso, pois te concentras demais para relaxar, e o objetivo de relaxar não é esse.
- Sim... mas então eu devo deixar de pensar?
- Pensar não! De tirar conclusões precipitadas... isso apenas te irrita.
- A se pensar...
- Então... mas não precisas ter vergonha de nada, visto que todos erram. Lembra do Goodyear?
- Sim... mas...
- Serviu para alguma coisa, não?
- Verdade.
- Então... teu pai disse uma coisa, que eu concordei.
- Ai... qual?
- Tens um jeito de lidar com as pessoas. É só teu.
- Todos são assim!
- O intuito do diário não era falar dos outros!
- Nem me gabar!
- Não é elogio! É constatação, besta!
- Não precisa ofender!
- Preciso. Preciso dormir também, mas tu não permites!
- Conclui por favor, então! Daí vamos nós dois dormir!
- O fato é... tu detestas mentir, até mesmo quando precisas. Só mentiste recentemente...
- CONCLUI!
- Não existe necessidade de tentar ser quem não é. Tu trabalhas com criatividade e raciocínio lógico ao mesmo tempo! Não tem porquê afogar uma das duas características.
- Não?
- Elas trabalham juntas! Não se anulam!
- Ok... farei uso disso... mas o que tem a ver com mentira?
- Não sei! Eu trabalho com um jeito cíclico de pensar que na cabeça faz um sentido perfeito!
- Tá... você quer dizer que eu não preciso deixar de dizer tanta coisa, já que eu não gosto de mentir. É isso?
- Gostei do jeito que pensaste...
- Mentir não é omitir.
- Não, mas omitir está na metade do caminho. Não é certo esconder tudo de todos e depois jogar como se fosse uma torta na cara.
- Eu não escondo tudo!
- Justo. Só o que consegue, o que achas que ninguém apreciará.
- Sim...
- É um mecanismo de defesa, mas que não se provou muito efetivo. Ou erro?
- Hoje você está acertando todas...
- Eu sei... aliás... a árvore é cerejeira, mas no pensamento é uma cerejeira enorme, perto de um rio que se localiza entre duas montanhas.
- Isso foi golpe baixo!
- Ninguém mandou contar o endereço!

Carta à fugitiva

"- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não têm mais tempo de conhecer alguma coisa. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!
- Que é preciso fazer? perguntou o principezinho.
- É preciso ser paciente, respondeu a raposa. Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim, na relva. Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas, cada dia, te sentarás mais perto...
(...)
Assim o principezinho cativou a raposa. Mas, quando chegou a hora da partida, a raposa disse:
- Ah! Eu vou chorar.
- A culpa é tua, disse o principezinho, eu não queria te fazer mal; mas tu quiseste que eu te cativasse...
- Quis, disse a raposa.
- Mas tu vais chorar! disse o principezinho.
- Vou, disse a raposa.
- Então, não sais lucrando nada!
- Eu lucro, disse a raposa, por causa da cor do trigo.
(...)
E voltou, então, à raposa:
- Adeus, disse ele...
- Adeus, disse a raposa. Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.
- O essencial é invisível para os olhos, repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.
- Foi o tempo que perdeste com tua rosa que fez tua rosa tão importante.
- Foi o tempo que eu perdi com a minha rosa... repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.
- Os homens esqueceram essa verdade, disse a raposa. Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável pela rosa...
- Eu sou responsável pela minha rosa... repetiu o principezinho, a fim de se lembrar." (O Pequeno Príncipe - Antoine de Saint-Exupéry)

Cara Isa,

Primeiramente peço desculpas pela imensa citação, mas não consegui encontrar palavras próprias para iniciar minha resposta.
Sim, porque eu acredito que tenho o direito de resposta, apesar de não nos encontrarmos em uma sessão de debate pré-eleições.
Não quero ofender. Ao invés disso, tentarei trabalhar ponderadamente ao longo da minha simples escrita.
Admiro sua sensibilidade, exagerada, egocêntrica e talvez agora, empática.
Sabe... você não me cativou em primeiro momento. Você parecia lunática. Olhando para o céu, com seus olhos grandes, esbugalhados. Demorei para descobrir que esses olhos mirando alto, eram sinais de sonho, que eram sessões de pensar.
Entretanto, apesar de tanto refletir, nem sempre chegou a conclusões corretas, principalmente quando se tratou de sentimento. Não quis me julgar, mas julgou.
Tratou-me como se insensível fosse.
Francamente. Eu sempre me importei com você, mas na sua demasiada teimosia, nunca conseguiu ver o que eu sempre quis mostrar.
E quantas coisas eu quis mostrar.
Você precisava de palavras. Eu uso ações.
E o estranho é que, aqui sentado, eu percebo o quanto erramos. Eu uso ações, mas também quero palavras.
Sempre achei que palavras se perdessem, mas agora percebo o quanto me enganei, pois não são todas as palavras que se perdem.
Qualquer palavra que causa sentimento, marca.
Você queria palavras, mas devia ter acreditado que todas as vezes que beijei sua testa enquanto dormia, eu queria dizer que amava você.
Eu queria palavras, mas devia ter aceitado todos os abraços que você me deu quando cheguei cansado do trabalho, e devia ter entendido ali o significado da sua afeição.
Agora eu choro, porque sinto sua falta, mas não choro porque perdi sua companhia.
E eu sei que você chora porque percebe a seqüência infindável de erros que cometemos até aqui, mas ambos sabemos que é tarde.
É tarde para revivermos o que passou, mas é cedo para recomeçarmos.
Recomeça-se sempre e a partir daqui desejo uma boa vida.
Um amor perene. Um homem que a ame como eu amei e mais, mas que a compreenda, melhor e mais rápido do que eu consegui compreender.
E a somar com isso um aprender.
Aprender que aquilo que é essencial, não é visto com os olhos, mas com o coração.

Continue sonhando, mas se lembre de tudo aquilo pelo qual somos responsáveis.

Adeus,
João.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

A vida (Clarice Lispector)

Há momentos na vida em que sentimos tanto
a falta de alguém que o que mais queremos
é tirar esta pessoa de nossos sonhos
e abraçá-la.

Sonhe com aquilo que você quiser.
Seja o que você quer ser,
porque você possui apenas uma vida
e nela só se tem uma chance
de fazer aquilo que se quer.

Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz.

As pessoas mais felizes
não têm as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor
das oportunidades que aparecem
em seus caminhos.

A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam.
Para aqueles que buscam e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem
a importância das pessoas que passam por suas vidas.

O futuro mais brilhante
é baseado num passado intensamente vivido.
Você só terá sucesso na vida
quando perdoar os erros
e as decepções do passado.

A vida é curta, mas as emoções que podemos deixar
duram uma eternidade.
A vida não é de se brincar
porque um belo dia se morre.


sábado, 24 de maio de 2008

O blog e a casa dos segredos

Enfim, dediquei uma parte de meu tempo para ler o mapa astral do presente blog, e porque não dizer, até mesmo comparar esse mapa ao meu.

Caso o leitor se lembre, o primeiro post se deu às 6:14 pm do dia 25 de janeiro de 2007, ou seja, essa foi a primeira vez que ele deu "as caras no mundo" por assim dizer. O que em termos astrológicos significou Sol em Aquário, Lua em Touro e Ascendente em Câncer. O que me chamou a atenção foi um Sol em detrimento, uma Lua exaltada. A mesma Lua regente do mapa.

O Sol na casa dos outros, Mercúrio, Vênus, Urano e Netuno na casa dos segredos, na casa do renascimento, ou morte para os pessimistas.

Um mapa com concentração no lado direito. Com apenas a Lua no lado esquerdo, e um Saturno em Leão.

Interessante a "alta concentração" na casa dos segredos... principalmente para um blog que vive em segredo... mas esses poderiam ser alguns mistérios de um Vênus regente na casa XII... quem disse que Vênus também não tem espaço para escrever?

Bem... existe sempre quem escreve relendo posts antigos... recordar também pode ser crescer... espera-se...

sexta-feira, 23 de maio de 2008

O monólogo conversa...

- Lua! Lua!!!! - gritava Sol incessantemente enquanto revirava alguns velhos livros.
- O que é? Qual é o grilo dessa vez? - respondia a Lua em tom sonhador.
- Grilo? Não tem grilo! O negócio é o seguinte, Lua! Você viu meu livro?
- Sol! Não mexo mais nas suas coisas... principalmente depois daquele...
- Daquele pequeno incidente, no qual o SENHOR jogou TODOS os cadernos da Lua pela janela! - completava Tempestade em seu usual tom irônico.
- Olha aqui, Tempestade, não começa! Eu só estou perguntando! Inocentemente, calmamente... - tentava prosseguir o Sol, ao mesmo tempo em que tentava lembrar alguns advérbios mais.
- Inquisitóriamente... ou seja lá como se fala... - entrava a Chuva no recinto.
- Vocês estão sempre contra mim! Qual o problema de vocês? - declamava o Sol, em tom altamente teatral e exagerado.
- Enfim, Lua... você viu o livro? - perguntava Tempestade, ao mesmo tempo em que desenhava algo em um pedaço de papel.
- Eu vi. - respondeu a Lua. - Eu vi sim, mas não peguei!
- Olha... sem querer interromper o teatro de todos vocês, mas... não é aquele ali em cima da mesa? - indagou a Chuva com o intuito de distrair os demais.
- Ah... não Chuva... não é... eu queria aquele que tem uma capa branca, com a lateral vermelha, que tem o mesmo nome da nova novela das seis... - contava o Sol, com um tom brando.
- Ah, mas tenha dó, cara! Eu... - irrompeu Tempestade.
- Não é aquele ali perto da janela? - interrompeu a Chuva novamente.
- Chuva! Pare com esses disparates! Não tem livro perto da janela! - tentava ralhar a Lua.
- Hã... gente... desencana... sabe o que é? - falava o Sol desajeitadamente - Eu emprestei esse livro para minha mãe!
- Então, Sol... você só está perdendo meu tempo! Com sua licença, eu vou dormir, que eu ganho mais! - bradava Tempestade enquanto se encaminhava até o quarto.
- Bem, Sol... vou voltar a estudar então. Tenho uns cinco resumos para essa semana, e pretendo terminar três hoje, para daí fazer mais dois amanhã e escrever algumas coisas no resto da semana. - despediu-se a Chuva.
- Bem, Lua... desculpe-me... - começou o Sol, arrependido.
- Tudo bem. Eu sei que às vezes me intrometo onde não devia... - consolava a Lua.
- Agradeço por estar sempre aí pra mim gata! - brincava o Sol.
- Pra você, sem grilos... estou sempre maior aí! - respondia a Lua.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Maio...

(Kid Abelha)

"Maio
Já está no final
O que somos nós afinal,
Se já não nos vemos mais
Estamos longe demais... longe demais...

Maio
Já está no final
É hora de se mover
Prá viver mil vezes mais
Esqueça os meses,
Esqueça os seus finais... esqueça os finais...

Eu preciso de alguém
Sem o qual eu passe mal
Sem o qual eu não seja ninguém
Eu preciso de alguém..."

Quem sou eu? Quem é você?

Dir-te-ei somente que sou a escritora semestral, ou anual, ou mensal.
Não possuo um português polido, mas o tenho honesto, reto, digno, livre.
A escritora de sorte. Aprendeu a ler, escrever e quem sabe um dia compreenderá as nuances que transcorrem e transbordam pelo caminho.
A parábola linear. A senoidal apenas crescente.
Sou o impossível dentro do possível.
O limite, a sorte, o amor. A alegria triste, a tristeza alegre, a tempestade calma e a garoa raivosa.
O Sol forte, o Sol doente.
A filha do Sol. Sol pai e Sol mãe.
A sinceridade indireta. A mentira verdadeira e a verdade mentirosa.
O amor. Sim, o amor mais uma vez, e quantas vezes forem necessárias.
O amor que derruba, o amor que sustenta, o amor que chora, o amor que ri, o amor que queima e inunda.
A coerência incoerente.
O maniqueísmo sofre de uma super-multi-lateralidade.
A linearidade de uma vida se depara com o paradoxo intrínseco de uma personalidade apaixonada, inquisidora, sentida, amada, abandonada, amarga, crítica.
A mulher que chorou ao nascer do Sol porque sentiu que aquele seria o começo de uma nova era. Chorou de saudades. Sorriu.
Sabia que sua querida vida paralela era perene, e enfim surgiu a confiança no raiar do novo dia.