segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Da pulseira preta ao pião dourado

"Todos querem ter amigos mas ninguém quer ser".
(Denis Diderot)
 
Todos têm seu preço.
Um sonho impossível, um abraço apertado, uma sentença poética: redondilha maior e menor.
E eu pergunto: qual o seu preço?
 
Uma família, uma mente original, um cachorro.
Um amor sincero, um pôr-do-sol, o fim da criação de regras desnecessárias.
Qual o seu preço?
 
Um pai compreensivo, uma mãe carinhosa, um irmão presente.
Pensamentos coerentes, beleza comercial, bom marketing pessoal.
E eu novamente pergunto: qual o seu preço?
 
Todos dizem que não têm preço.
Mentira.
Vocês todos, nós todos.
Todos temos um preço.
 
Nada de valor agregado. Preço.
 
A gasolina para chegar a faculdade.
A carona de sábado de manhã.
O estacionamento do shopping.
O jantar de uma sexta-feira.
A última sessão do filme mais badalado do momento, seu último ingresso.
 
Qual o seu preço?
 
A lua, um carinho, um começo.
Emoções verdadeiras recíprocas.
 
Você quer algo de alguém. Este é seu preço.
 
Você diz que é sem preço.
Você diz que é por amor.
Você diz que é de verdade.
 
Ilusionistas têm preço. Este é seu preço.
 
Eu quero, eu posso, porque pago por isto.
Se não pagar, não tem.
 
Quem não paga, não tem.
Quem não paga, não recebe.
Quem não paga, bem, simplesmente perde a credibilidade.
 
O dinheiro acabou.
Sua conta no banco zerou.
Para quem você corre?
 
Corre para o pai, e se não tiver pai, para o amigo mais imbecil que você encontrar na sua frente.
Para aquele que acredita que você não vai trocá-lo dentro do período de troca escrito em sua etiqueta.
 
Quem não paga, perde credibilidade.
Quem mente, perde credibilidade.
Quem usa e depois devolve, perde credibilidade.
 
Qual seu preço?
 
A boneca de vestido verde.
O boneco de olhos azuis.
Uma miniatura da realidade.
A ilusão de um mundo melhor.
A crença na verdadeira amizade.
 
Eu não tenho valores, eu tenho preços.
Todos em idéias.
Todos em sentimentos.
Todos em fúria.
 
Eu não tenho valores, eu tenho preços.
Eles se repetem.
Eles explodem.
Eles adormecem.
 
Eu não tenho mais valores, eu tenho preços.
Hoje tenho status de uma simples mercadoria.

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